Incrivelmente acabei por descobrir que este foi visualizado diversas vezes nos últimos 14 meses, mesmo não tendo qualquer postagem considerada interessante, informativa, engraçada, etc. Então me recordo que uma das minhas primeiras postagens aqui foi avisando quem se aventurasse por essas bandas de que esse era apenas um local de desabafo, o que continuará sendo, creio.
Fato é que agora estou realmente com a vida mudada. Tudo aquilo que me fazia tão mal foi largado para trás, mas claro, sem antes ceifar diversas coisas da minha vida. Apesar de tudo, apesar de ainda sentir dor intensa no peito, tristeza sem motivo aparente, de chorar escondida e todo o drama, hoje vejo que o tempo foi extremamente longo para se tomar essa decisão. Infelizmente o arrependimento ficará, ao mesmo tempo que ainda tento acreditar que foi algo bom para meu crescimento pessoal. É o que dizem, o que não te mata, te faz mais forte (interpretando o "engorda" de uma maneira antiquada, uma vez que atualmente o engorda é algo ruim, e no passado, pessoas fofas eram vistas como saudáveis e obviamente mais bem de vida).
Refletindo sobre esses dois anos, penso o porque de tantas pessoas, eu inclusive, se prenderem a situações que as castram moral e psicologicamente, que as destroem, roubam sua felicidade e ainda cospem na sua cara. Porque todo o medo de mudar de situação? Porque ficamos no inferno ao invés de simplesmente dizermos "basta"? A resposta que achei foi: medo.
Mas medo do que, ora pois?
Medo de ficar só, medo da sociedade, medo do que dirão, medo do que poderá acontecer em seguida, medo de se arrepender, enfim, muitos medos, a maioria simplesmente ridículos, mas ainda assim, fortes o suficiente para nos fazer congelar perante a ideia de acabar com uma situação destrutiva.
Há algum tempo li em uma revista sobre pessoas que se "auto-sabotavam", ou seja, pessoas que entravam em situação com a mente já projetando um final triste, e essas pessoas se sentiam mais "confortáveis" de saber que a situação tomou o rumo que elas acreditavam que tomaria, do que ficariam se tivesse tudo dado certo. Mas porque raios alguém faz isso? Porque alguém se sabota? Simples, a tristeza é, sim, viciante.
Digo isso pois me sinto viciada na tristeza. Sem a tristeza, não consigo escrever, ou desenhar, me sinto uma pessoa vazia por pensar em coisas fúteis com alegria infantil, então continuo me forçando a situações que só fazem a minha mente ficar esgotada.
Apesar de a tristeza me trazer alguns "benefícios", ultimamente tenho notado o quanto tenho ficado estagnada por conta disso, não consigo arrumar meu quarto, procurar emprego, me cuidar, nada, e ultimamente nem a vontade de escrever ou desenhar tenho tido, quando penso em pegar papel e lápis/caneta, surge uma fadiga tão intensa, que simplesmente não me movo. Ainda assim, prefiro estar triste do que estar feliz, por mais que tente me enganar dizendo que quero ser feliz. Na verdade, eu realmente quero, só não me vejo assim, uma pessoa feliz de verdade, pois sempre haverá desconfiança, mentira, falsidade, aproveitadores, etc etc etc, ou seja, mesmo que eu tente projetar um futuro feliz, invariavelmente acabo por projetar, junto, pequenos fragmentos de tristezas e brigas, o que é ruim, se você pensar que talvez aquele livro/filme "O Segredo" seja realmente verdade. Então no fim das contas projeto para a minha vida uma felicidade que eu continuo achando que é falsa e continuo projetando a minha desconfiança e a mentira dos outros. Novamente, entra ai o vício na tristeza e na estagnação de pensamento pessimista.
E quando passamos metade dos dias imaginando como seria estar pendurado em uma corda, ou como seria dar um tiro na própria boca, e ai lembramos dos cinco anos de terapia, dos cortes que hoje são apenas cicatrizes, tentamos mudar de pensamento, tentamos ser felizes, tentamos e tentamos, mesmo que o sorriso seja falso, mesmo que o interesse pelas conversas seja falso, mesmo que todas as conversas sejam superficiais por que simplesmente não conseguimos nos ater a nada cem porcento por estarmos ainda mergulhados naquela morbidez lamacenta que nos acompanha em todos os lugares.
E o que fazer quando absolutamente nada, te faz querer continuar aqui?
Abra uma cerveja, beba, fume um cigarro, e tente espairecer. Ou chore, simplesmente chore quando der vontade, não importa se está no onibus ou debaixo das cobertas, só chore.
É somente o que tenho feito... mas a dor no peito e na boca do estomago continuam, e a única solução aparente, seria arrancar ambos com uma faca, ou se jogar numa lança.